quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O baile do Bonfim


Aguiar sempre com seu velho estilo nitroglicerinico. “Não foi pênalti!”, bradou histrionicamente ao microfone da bendita Aurilândia. No entanto, em meio ao clima de indignação heavy-metal, preferi respeitar minha miopia e disparar o clichê do “lance muito difícil que só após muitas repetições talvez fosse desvendado por completo”. Sérgio Noronha que me aguarde...Bom...o fato é que a penalidade estava marcada e a gorducha já se oferecia em busca de carinho; um toque sutil que a levasse delicadamente ao êxtase junto ao véu da noiva. Um tango, por favor. Everton se concentra para o ato; Glaysson, como um lanterninha de cinema, se prepara para frustrar o prazer alheio. O duelo particular enche de suspense o Alçapão do Bonfim. O drama apenas é rompido quando o árbitro autoriza e Everton avança como se partisse rumo a um matadouro de panteras. O disparo débil descreve uma trajetória lenta e suave. A irada gorducha ainda tem tempo de gritar “Frooouxooo!!!” antes de encontrar os braços de Glaysson, que a agarrou apaixonadamente no canto direito da meta villa-novense. O milagreiro não precisou evocar John Coffey nem mesmo o transloucado Doni. Foi uma cobrança miserável de Everton; até Alencar defenderia sem maiores esforços. O caminho estava definitivamente aberto para o massacre. Segue o baile.

O Villa retomou o ímpeto inicial e acelerou com toda intensidade em busca do gol. A blitz leonina envolveu com extrema facilidade a rendida equipe adversária; Minuto 29: o veloz Márcio Diogo, ostentando um penteado arrojado que o tornou ainda mais debilitado esteticamente, avança pelo bico direito da grande área, escapa do combate e dispara forte e cruzado no rodapé direito de Alencar. Villa 3x0 Democrata.

O belo terceiro gol do Leão embalou os minutos finais da primeira etapa. Na saída para os vestiários, os jogadores destacaram a humildade e determinação apresentadas na luta pelo resultado positivo, agradeceram a Deus, à torcida maravilhosa e reafirmaram que o jogo não estava ganho; o Democrata é uma grande e perigosa equipe...blá, blá, blá, blá, blá...Pausa para descanso.

Segundo ato O frenético twist and shout villa-novense, que apenas fora interrompido por um dramático tango no momento do pênalti inofensivo, deu lugar a um modorrento bolero nos minutos iniciais da segunda etapa. O cauteloso Villa burocraticamente aceitou o jogo truncado de um medroso Democrata, um verdadeiro gatinho Pacato. Os toques laterais, as faltas táticas, o ritmo de baile da terceira idade, só foram interrompidos por um lançamento fatal. Minuto 24. O cruzamento no balacobaco encontra o centroavante Rômulo que com um desvio preciso, supera o pobre Alencar e decreta mais um gol do Leão. Villa 4x0 Democrata...Twist and shout baby...

Na sequência, o time da casa decidiu trocar passes ao som de orgásticos olés, ditando a partida ao seu bel-prazer. Minuto 31. O maldoso anfitrião permanece no campo de ataque e alcança o quinto gol após um bate rebate cheio de ziriguidum na área inimiga. Carciano dispara e ela ainda encontra as pernas de Risonaldo Surubim, antes de castigar mais uma vez as redes de Alencar. Risonaldo Surubim... Villa 5x0 Democrata.

Diante do delírio inimigo, o jovem Rafael decidiu apostar em uma apresentação solo; Minuto 38: um despretensioso lançamento parte da direita e encontra o atacante que, com eficiência, marca um dos mais discretos gols da história do alçapão. Nada que modificasse o fervilhante e inspirado ritmo villa-novense, algo impensável diante das performances anteriores, repletas de vacilos e interrogações. Minuto 43: Edson avança pela direita e descola um lançamento na direção de Paulo César que, completamente livre de marcação, cabeceia marcando o estrondoso sexto gol. Villa 6x 1 Democrata.

A versão valadarense da Vênus platinada com limitações orçamentárias ainda choramingava a humilhação ultrajante quando em mais um ataque furioso, já nas cinzas das horas, Willian César sacramentou a goleada com um peixinho estiloso. Melhor encerrar o prélio: Villa 7x1 Democrata. Como última canção, o discurso presidencial, recheado de satisfação e promessas de levar a torcida ao Rio de Janeiro, para apoiar a equipe na partida decisiva diante do já eliminado Madureira. No outro confronto da rodada, o tricolor suburbano perdeu por um a zero para o Juventus na Rua Javari.

O equilibrio do grupo 14 confirmava as profecias da equipe de ouro da Aurilândia...Isso mesmo...Nós somos a equipe de ouro, você tem alguma dúvida disso? Ah....após a partida, ainda fomos aos estúdios e conhecemos pessoalmente Geraldo Eustáquio ou simplesmente ele: o mais fleumático dos plantões esportivos: Mister Jay Moreira. O grande âncora, sempre equilibrado e racional, nos mostrou sua situação de penúria em meio à ultrapassada estrutura de trabalho da Aurilândia, quase nos arrancando lágrimas sinceras. Fique com a ficha técnica.

Ficha Técnica

Villa Nova 7x1 Democrata-GV -domingo, 29 de julho- quinta rodada

Local: Estádio Municipal Castor Cifuentes, em Nova Lima-MG

Renda: R$3.224,00 Público: 595 pagantes

Árbitro: André Luís Martins Dias Lopes (MG)

Cartões Amarelos: Rodrigão, Éverton Araújo (Villa Nova); Riso Surubim (Democrata FC-MG)

Gols:Fabinho, aos 6'/1T; Rômulo, aos 13'/1T; Márcio Diogo, aos 39'/1T; Rômulo, aos 24'/2T; Riso Surubim, aos 31’/2T (contra); Paulo César, aos 43'/2T; William César, aos 46'/2T (Villa Nova-MG); Rafael, aos 38'/2T (Democrata FC-MG)

Villa Nova- Glaysson; Édson, Rodrigão, Carciano e Raniery; Everton Araújo (André), Paulo César, Emerson e Márcio Diogo (William César); Fabinho e Rômulo (Jil) Técnico: Flávio Lopes

Democrata: Alencar; Ernane, Riso Surubim, Miguel e Jean; Henrique, Hudson (Edílson), Anderson Tôto e Everton (Biro Gomes); Thiago Silva (Miller) e Rafael Técnico: José Maria Pena.

Próximo destino: Rio de Janeiro, Moça Bonita, sexta rodada- 5 de agosto- MADUREIRA X VILLA NOVA

3 comentários:

Lucy disse...

amo mto seus textos

:)

Lucy disse...

kd vc???????????

Fabi disse...

ave... q demora