segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Alguém tem que matar



Ahhh...o simpático, o aprazível, o aconchegante bairro do Flamengo! Quando pela primeira vez o contemplei em toda sua hospitalidade acolhedora, senti até um ziriguidum bem no âmago do meu ser, lá mesmo, onde o coração bate mais forte e a coitada da razão nem sonha em reinar. Senhoras e senhores, devo lhes dizer que nem me recordava que estávamos na temível cidade do Rio de Janeiro, o balneário palco de chacinas, tiroteios, bombardeios, desacatos, subornos, assédios, ameaças, tsunamis e abalos sísmicos rotineiramente estampados nos diários sérios de nosso país varonil. O Flamengo é lindo em sua simplicidade, com sua gente falante e frenética ziguezagueando e sambalançando nas estreitas ruas repletas de vida, desejos, alegria e...atenciosos camelôs vendendo de raridades do tempo das vitrolas a peixes e crustáceos em sacos plásticos. O realismo mágico latino-americano em sua versão mais irreverente e fervilhante. Viva o Flamengo! (o bairro, é claro)

Advertência: talvez tudo citado acima, não tenha passado de uma grande ilusão; é verdade, como bom mineiro tenho que avaliar todas as possibilidades; talvez tudo tenha sido uma estrondosa conspiração governamental, uma gigantesca e eficiente maquiagem arquitetada em todo bairro pelos poderes estatais quando informados da visita da poderosa Aurilândia; ou quem sabe mais um inútil delírio deste blógui maldito, sempre mendigando assunto para se manter vivo. Portanto, aprecie com moderação.

Mas nãããoooo, apesar das fortes evidências, prefiro acreditar na beleza sincera que vi, inspirada pelo mar imponente, pelo morro da Urca, pelos bondinhos rasgando os céus da Guanabara em meio aos aviões que partiam seguros do Santos Dumont. Não há caos aéreo no Flamengo! Tudo vai bem, o amor e a solidariedade reinam nos corações dos controladores aéreos; até chego a pensar que o faraônico PAN trouxe a chama que faltava para a concretização desse balacobaco com jeitão de paraíso tropical. Lennon, Luther King, Ghandi, Inri nós conseguimos! Vamos transformar o Brasil em um imenso bairro do Flamengo!...Atenção Força Nacional, Exército e Policias Militar e Civil, podem se retirar, aqui todos só desejam a felicidade e o bem-estar social...Nada de guerra, nada de violência! Balas, só as doces... Porque a partir do Flamengo, Barra, Leblon e Vigário Geral vão se unir por toda a eternidade. Por favor, cante ministro, cante um trechinho...(a música é do João Donato)


A paz invadiu o meu coração

De repente me encheu de paz

Como se o vento de um tufão

Arrancasse meus pés do chão

Onde eu já não me enterro mais

A paz fez um mar da revolução

Lálálálálálálálálálálálálálálálálá

Ahhh...obrigado ministro, pode voltar ao seu gabinete refrigerado...Que maravilha, “all you need is love” baby, por isso, é no Flamengo que desejo sonhar, que desejo viv...mas olha só, não acredito, olha lá que vem, com seu doce balanço de bom vivant provinciano retornando de um passeio agradável pelo querido Flamengo; é ele, o presidente do Villa, o João Bosco, todo de branco como um pai de santo bem sucedido, certamente já envolvido pelos sublimes ideais de paz que emanam por todos lados dessa atmosfera celestial, trazendo sorridente um dvd corsário a tiracolo:

_Ei João...qual é a película?

_Duro de matar 4! Acabou de sair!

-Ah, legal...é isso aí...Maldito Bruce.

Um comentário:

Lucy disse...

ahhahaha vc nao disse a ele q não precisa ir ao flamengo pra comprar um piratão? ótimo, como sempre. mas estou ansiosa pela batalha de bangu (a do campo, claro).

ah! "atenciosos camelôs vendendo de raridades do tempo das vitrolas a peixes e crustáceos em sacos plásticos."? ecaaaaaaaaaa